No dia 21 de outubro, as professoras Kelly Ludkiewicz Alves (UFBA) e Katya Braghini (PUC-SP) publicizam a sua ideia de “escola, grande consumidora de novidades”. Segundo as autoras, muito se fala sobre a presença de novidades na escola e, sobretudo, sobre a ausência das tecnologias no espaço escolar. Entretanto, a história da educação e a história da ciência mostram que desde a régua, o quadro negro, o cinema, ou os atuais smartfones e tabletes, a educação sempre esteve, de alguma forma, atrelada ou condicionada às tecnologias e objetos, nos fazendo pensar sobre a relação de todos nós com os objetos que inventamos, produzimos e usamos. Nesse sentido, refletir sobre as políticas de fomento às tecnologias na educação na atualidade demanda, entre outras questões, que aprofundemos o debate sobre a relação entre a educação, a ciência e a tecnologia em perspectiva histórica, de modo a compreender melhor a presença das inovações na escola e seus usos por professores e estudantes. As pesquisadoras reforçam que a presença se intensificou na passagem do século XIX para o XX, com o movimento conhecido como modernidade pedagógica, do qual se sobressai a ideia de que a educação deveria ter um valor prático, servindo ao desenvolvimento econômico, social e a formação de indivíduos racionais. Tais propostas refletiram no currículo, com a valorização de disciplinas como a matemática, física, química, astronomia, biologia, desenho e educação física, todas voltadas para a formação em torno dos saberes científicos. Por exemplo, para o ensino de ciências, se definia como melhor método pedagógico o intuitivo, ou lições de coisas, que apresentava o conhecimento a partir de noções elementares de caráter prático, útil e concreto. Tratava-se basicamente de definir um objeto, animal, planta ou qualquer outra coisa que exista no mundo, a partir de sua utilidade. Indicam que a coisa é na medida em que ela serve para algo. Seguem mostrando que o intuitivo se baseava na defesa da observação do mundo e nos sentidos como formas primordiais da aprendizagem e, portanto, se estruturava em torno de práticas pedagógicas voltadas para a demonstração dos instrumentos científicos e seu funcionamento. Esses objetos, convertidos em materiais didáticos, passaram a integrar o reportório da escola como inovações das quais dependia o sucesso escolar. Por isso, o debate histórico sobre o que é compreendido por inovação e tecnologia nas políticas educacionais, tendo em vista que essas palavras tendem a ser apresentadas de forma autoexplicativa e naturalizada, é imprescindível. Ao final, está foi a proposta do II Seminário da Rede Iberoamericana de História da Educação em Ciências, a REDiHEC, que congrega pesquisadores do Brasil, Argentina, Chile e Espanha, de forma interdisciplinar, com a intenção de aprofundar, entre outras temáticas, como foi e ainda é a formação dos públicos para e com a ciência. O evento aconteceu online e para saber mais sobre ele, sigam as redes sociais de Redihec no Instagram (rediheciberoamerica) e no Facebook (Redihec Iberoamerica), ou acompanhem as formações públicas promovidas pela REDiHEC na seção formação desse site.